Comunicar por videoconferência cansa?

Muito se tem dissertado sobre as vantagens e desvantagens de comunicar via plataformas de videoconferência (refiro-me, por exemplo, ao Microsoft Teams, Skype, Zoom, Webex, Jitsi, Google Meeting, entre muitas outras), mas parece ser unânime que esta “nova normalidade” veio para ficar, apesar de se ter imposto de uma forma brusca, decorrente da necessidade de fazer face a uma realidade inesperada e violenta.

Contudo, passados agora, já, alguns meses, sente-se, com alguma surpresa, que por vezes, esta forma de comunicação (também) cansa. Algumas das razões que podem justificar:

1.            Existe uma necessidade de manter atenção total/foco, dado ser muito mais difícil transmitir e perceber a comunicação não-verbal, o contacto visual, algumas expressões faciais, os gestos, as atitudes. O esforço necessário para empatizar é enorme.

2.            Dependendo do espaço e das condições em que cada um se encontra, poderá sentir-se alguma tensão: e se as crianças fazem uma birra? E se o cão ladra ou o gato mia? E se tenho que me levantar para receber as compras do supermercado?

3.            Olhar permanentemente para o ecrã revela-se, também, cansativo. Existe naturalmente a tendência para nos focarmos na imagem dos interlocutores e não na câmara, como correto, eventualmente até para nos distrairmos com os cenários. Além deste aspeto, olhar constantemente para a própria imagem acaba por tornar-se maçador e até desconfortável.

4.            Apesar do extraordinário avanço da tecnologia, as falhas acontecem, a conexão de internet nem sempre é estável, acabando por se perder bastante tempo e paciência com essas inevitáveis interrupções.

5.            Não raramente, acumula-se a reunião com outras atividades online, acentuando a tendência para o multitasking (alternar, permanente e constantemente entre atividades consome até 40% do tempo produtivo, além de dificultar o processo de memorização).

Assim, e tendo em conta que, claramente, esta “nova realidade” já está instalada, cada um de nós poderá recorrer a estratégias para evitar este grande dispêndio de energia. Será mesmo necessário promover uma reunião, ou o assunto resolver-se-á através de uma chamada telefónica, na qual predominantemente nos focamos na voz? É mesmo precisa a presença de todos aqueles participantes na reunião? Poderemos, também, limitar a duração de cada reunião, estabelecendo horário de início e término, bem como evitar assistir a várias reuniões consecutivamente, de modo a poder intercalar estes encontros virtuais com outras atividades.

Basicamente, e como em quase tudo na vida, é importante encontrar o equilíbrio. Comunicar por videoconferência, sim, mas… “nem sempre, nem nunca”!

Cristina Fernandes

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